A cirurgia óssea piezo-eléctrica surgiu para facilitar a prática clínica e melhorar o conforto trans e pós-cirúrgico do paciente. Está indicada nos casos de extrações dentárias (incluindo os dentes do siso), cirurgias de enxerto ósseo para a reconstrução dos tecidos perdidos, plastias ósseas, remoção e enucleação de quistos, implantes, e em outras técnicas específicas.

Cada vez mais a Medicina Dentária procura prevenir as doenças ou tratá-las da forma menos invasiva possível. Dentro desse contexto moderno, surge a cirurgia óssea piezo-eléctrica como uma alternativa interessante às cirurgias orais tradicionais – realizadas com instrumentos rotatórios (brocas) ou cortantes. Esse tipo de cirurgia emprega a vibração ultrassónica para promover as modificações necessárias em osso ou gengiva.

Um aparelho piezo-eléctrico nada mais é do que um aparelho de ultrassom, daqueles utilizados em sessões de profilaxia e remoção de tártaro, que produz uma vibração específica na ponta do aparelho, capaz de cortar o osso. Esses instrumentais começaram a ser empregados em cirurgias ortopédicas, e, em 2002, foi fabricado na Alemanha o primeiro aparelho piezo-eléctrico específico para cirurgia oral (PiezoSurgery, Mectron). A voltagem e a frequência do aparelho permitem o corte seletivo do osso, preservando os tecidos moles e duros adjacentes (gengiva, bochecha, lábios, raízes dos dentes, nervos). Essa característica é de extrema importância nas cirurgias realizadas próximas ao nervo mandibular (alveolar inferior), ao pavimento do seio maxilar, ou a qualquer estrutura anatómica que deva ser preservada.

Adicionalmente, a vibração ultrassónica da ponta activa do aparelho (osteótomo) promove um efeito cavitacional, que é potencializado pelo spray de soro fisológico utilizado para irrigar e refrigerar a região da incisão óssea. Essa irrigação gera um campo cirúrgico limpo (livre de sangue), de fácil visualização e isento do risco de necrose do osso por aquecimento. As brocas, tradicionalmente empregadas nesse tipo de cirurgia, podem gerar queimaduras ósseas seguidas de necrose, e comprometer o resultado da cirurgia. Além disso, as cirurgias convencionais tendem a gerar maior desconforto ao paciente. O osteótomo piezoelétrico reduz significativamente o barulho, a vibração, a pressão, o aquecimento, e o desconforto pós-operatório. Alguns estudos clínicos demonstram que a recuperação do paciente é muito mais tranquila após uma cirurgia piezo-elétrica, porque a cicatrização é acelerada e a ausência de aquecimento diminui a possibilidade de ocorrerem edemas.